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Paixão Satânica

Já era madrugada, mas Carla não desligava o computador, procurava pelo facebook alguém que combinasse com seu perfil. Gustavo também varava a madrugada vasculhando perfis, tinha perdido suas últimas namoradas, achava que elas não aceitavam as loucuras e manias.


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Carla posta algumas fotos mostrando seu jeito e seu perfil, é loira falsa, isso não negava pra ninguém, mas tenta passar essa imagem, usa roupas curtas e extravagantes, gosta de balada, bebidas e drogas, quer chamar atenção de qualquer homem, além de sempre fazer questão de mostrar suas duas tatuagens, uma pequena pimenta tatuada na parte superior do seio esquerdo e outra grande descendo sua virilha, seus comentários têm mensagens fortes sempre relatando suas brigas e fazendo referências aos seus ex-namorados .


Gustavo não fica para trás, também força uma imagem forte em seu perfil no facebook, posta fotos com o corpo seminu, com armas brancas e até com uma pistola, além de fazer questão de mostrar sua tatuagem de um coração sendo apunhalado, desenho feito em seu peito, referências as suas ex-namoradas que o traiu, sua grande mágoa, ser taxado de corno, mas ninguém tinha coragem de encara-lo ou falar sobre isso.


Por volta das três horas da madrugada Carla e Gustavo se cruza, se adicionam no facebook. Logo se identificam pelas fotos e as conversas, no dia seguinte tinha um baile funk nas proximidades, esse foi o pretexto exato para marcarem um encontro.


O baile funk estava lotado, gente de todos os lados, todos os tipos, bêbados, drogados com suas danças extravagantes ou sensuais rolavam pelo salão. Carla procurava com seu olhar sério por todos os lados, enquanto Gustavo se aproximava sem que fosse visto, a combinação da noite anterior tinha surtido efeito, os dois não tinham como não se encontrar, as roupas combinadas e o estilo foi crucial para que se encontrassem.


Gustavo chega por trás de Carla e a pega pela cintura, esta se vira e percebe quem é, e um sorriso exposto torna-se o primeiro contato entre os dois, logo saem andando e conversando pelo salão observando os grupos de funkeiros fazendo sua performance para chamar atenção dos demais. O papo rola a noite toda e desse contato pelo facebook nasce uma paixão, uma paixão que não se sabe onde vai dar ou que vai acontecer pelo fato dos relacionamentos anteriores serem conturbados.


Alguns dias se passam, o relacionamento estar cada vez mais forte, agora entre uma conversa e outra rola lembranças das paixões anteriores. A noite não parece muito boa, a escuridão parece tomar conta de toda cidade, o frio faz companhia a penumbra enquanto Carla e Gustavo se embriagam e se drogam. Depois de um tempo refletindo Carla faz uma proposta para Gustavo:


- Gu, vamos fazer um doidera, dessas de sair no jornal e tudo mais. – Diz Carla enquanto abraça Gustavo tentando fazer um carinho.


- Vamos, topo qualquer parada com você. – Responde Gustavo – Eu também queria fazer uma proposta pra você, mas já que falou primeiro, diz ai tua ideia.– Diz Gustavo com a voz já comprometida com a droga consumida.


- Vamos matar todos os nossos ex-namorados e namoradas – Diz Carla com voz altiva – Vamos fazer assim, um dia um ex-namorado meu e outro dia uma ex-namorada sua, mas cada dia de uma forma diferente.


- Boa ideia minha paixão, só assim vamos ter o que fazer nessa cidade suja e sem graça. – Diz Gustavo com um sorriso maldoso no rosto.


- Então vamos começar hoje, já estamos bem drogados e eu tenho um safado que foi meu namorado bem perto daqui, sei como atraí-lo e você fica na espera, vamos nos divertir. – Diz Carla enquanto beija Gustavo.


- Então vamos logo que essa droga tá fazendo efeito, joga um charminho e deixa o resto comigo, depois a gente deixa nossa marca para selar nosso pacto. – Diz Gustavo já bolando uma forma de deixar nos corpos para gerar o sensacionalismo para a mídia.


- Muito bem meu amor, vamos fazer igual aquele casal americano, mas não vamos roubar, nós só vamos nos vingar. – Diz Carla sorrindo e beijando Gustavo novamente para selar o pacto.


Victor tinha acabado de chegar da balada, estava começando no sono quando ouviu a voz de Carla, como não tinha estado com ninguém ficou logo animado, sem deixa-la esperando logo foi atender. Com um argumento convincente, seu corpo quase exposto Carla convence Victor a sair.


- Victor, vamos dar uma voltinha, hoje estou só, to carente, vamos sair por ai sem pensar no passado. – Diz Carla com um olhar de excitação.


- Vamos para aonde você quiser, até pra o inferno, você é quem manda minha paixão. – Responde Victor sem saber das pretensões de Carla.


- Essa palavra muito me conforta, gosto quando você diz e hoje quero chegar lá com você. – Diz Carla com um sorriso mefistofélico.


- Pode deixar comigo, não vou deixar você na mão, quero você inteira queimando comigo. – Diz Victor levando a conversa na brincadeira.


- Então vamos para um lugar em que possamos ficar sozinho, aquele armazém abandonado é o lugar ideal, quero extravasar meu desejo. – Diz Carla puxando Victor pelo braço em direção ao armazém velho.


Depois de andarem alguns minutos enfim chega ao velho armazém, um local sombrio, ocupado geralmente por vagabundos e drogados. Ao entrarem Victor percebe que não estão sozinhos, mas isso ele já esperava, pois armazém velho é frequentado por viciados.


Carla não perde tempo e começa a envolver Victor em seus braços, sem perceber nada se deixa levar, quando os abraços e beijos estavam esquentado Gustavo chega de repente e pega os dois se beijando. Victor fica estático obsevando Gustavo que esbraveja, gesticula e fala palavrões.


Numa reação comum de quem se sente acuado Victor tenta sair, mas é contido por Gustavo que o ameaça com um punhal, vendo que não tem como sair dali Victor levanta os braços se redento ao algoz agressor.


- Não tenha nada com ela, pode ficar tranquilo, não precisa me matar. – Diz Victor tentando convencer Gustavo que empunhava o punhal com raiva nos olhos.


- Não tem nada e estava ai quase tirando a roupa seu safado, agora você vai pagar, vou arrancar teus olhos e teu saco filho da puta. – Diz Gustavo se aproximando de Victor com raiva.


- Deixa isso pra lá cara eu não vou mais se aproximar dela, ela é toda sua, pode ficar tranquilo. – Diz Victor com temor nos olhos.


- Agora não tem mais jeito, vi com meus olhos vocês se agarrando e se beijando aqui, você quer dizer que meus olhos mentem seu canalha. – Diz Gustavo com muito ódio.


- Carla diz pra ele me deixar em paz, diz que foi você quem me procurou que não tenho nada com você. – Fala Victor com medo, quase chorando.


- Agora quer sair fora, quando você me seduziu e enganou, só queria transar comigo nada mais, me fez de trouxa, agora é minha vez, só que agora vai ser do nosso jeito. – Diz Carla expressando um sorriso trágico.


- Então vocês estão juntos, você me enganou direitinho, me trouxe para essa armadilha sua safada.  – Diz Victor demonstrando temor.


Ao completar a frase Victor recebe uma pancada em sua cabeça desferida por Gustavo e cai desfalecido. O silêncio no velho armazém prevalece após sua queda no chão sujo e empoeirado. Naquele instante não havia uma alma viva pelas intermediações.


Gustavo pega Victor pelos pés e o começa a arrastar pelo vão do velho armazém enquanto Carla observa e os segue até um canto do prédio com alguma luz vinda de um poste da rua. Com um pedaço de corda velha Gustavo amarra Victor em um perfil de ferro já meio enferrujado enquanto Carla traga um cigarro de maconha e segura em outra mão uma garrafa de uísque barato.


Gustavo se aproxima de Carla, puxa-a pelo braço e lhe beija ardentemente, como se tudo aquilo fosse uma cena num palco, os dois trocam carícias e vão tirando a roupa demoradamente. Victor acorda ainda meio sonolento pela pancada e quando seus olhos começam a clarear sua visão se depara com Carla e Gustavo nus a sua frente, numa reação de desespero Victor começa chorar e pedir para não o matarem.


Como em um ritual Gustavo se aproxima de Victor com o punhal em sua mão, mostra em seu peito a tatuagem e diz com ódio:


- Tá vendo essa tatuagem seu safado, eu fiz por causa da infidelidade de umas safadas que namorei agora eu encontrei a mulher certa, mas nós temos umas contas para acertar antes de nos casar e viver para sempre. – Diz Gustavo totalmente embriagado e cheio de droga.


- Você foi o primeiro da lista, alem de ser o primeiro que me sacaneou é o mais próximo, então vamos começar com você. – Diz Carla sorrindo e cambaleando de bêbada.


- Começar o quê, o que vão fazer, me deixe ir embora, você já me bateu já não é o suficiente. – diz Victor tentando desesperadamente se salvar daquela situação horrível.


- Fizemos um pacto e vamos matar todos os nossos ex-namoradas e namorados, você vai ser o primeiro. – Diz Gustavo se aproximando de Victor com o punhal brilhando ante a pouca luz que invade o velho armazém.


Naquela noite escura e fria Gustavo e Carla começava uma história diabólica. O punhal é cravado no peito de Victor de forma feroz o qual se estrebucha lentamente até morrer enquanto seu sangue escorre se juntado ao pó do velho armazém.


Uma marca é deixada em seu corpo, um desenho mau feito de um coração risca a pele deixando um filete de sangue, uma pimenta vermelha com sua extremidade mais fina é enfiada no pequeno furo feito com o punhal em seu peito, ali naquele relento frio e sujo um corpo fica estendido sem sinal de vida.


Em um início de dia não muito bom por causa do frio e de uma chuva fina que caia sem parar, o perito policial Leandro retira a pimenta do furo do peito de Victor e observa o desenho tentando desvendar o mistério ou pensando que se tratava de uma nova marca o qual iria aterrorizar o povo da região.


Com o pensamento naquela cena macabra Leandro sai do velho armazém, com um olhar sem pretensão observa tudo em volta alheio as perguntas dos repórteres policiais em seu contorno o qual começam a criar títulos para aquele crime satânico.


Fonte: Sobrenatural

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