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O serial Killer de Goiânia

Durante meses, as famílias de Goiânia viveram aterrorizadas, com medo de um serial killer que estaria matando mulheres a esmo na cidade. Entre janeiro e agosto, 16 foram assassinadas. Em 2012, pairou a mesma suspeita diante de uma série de execuções de moradores de rua. Na última terça-feira, dia 14, a polícia prendeu o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26 anos, e anunciou ter desvendado esses mistérios após ele ter confessado 39 homicídios – entre suas vítimas também estavam homossexuais. “Ele matava porque sentia raiva de tudo e de todos”, afirmou Deusny Aparecido Silva Filho, superintendente da Polícia Civil. “Quando matava, ele relata que sentia alívio e parecia acabar com o estresse.” Há 70 dias, uma força-tarefa da Polícia Civil começou a investigar o assassinato das mulheres, a execução de um homem e outros crimes de agressão. A polêmica envolvendo um suposto assassino em série começou no dia 18 de janeiro com a morte de Bárbara Luiza Ribeiro Costa, 14 anos. Nos últimos meses, mais homicídios com as mesmas características foram denunciados: mulheres entre 13 e 29 anos executadas a tiros por um motociclista de capacete. “No começo, ele matava aleatoriamente, mas no fim estabeleceu um padrão”, diz João Gorski, delegado-geral da polícia.



Na casa onde Tiago vivia com a mãe, foram encontrados um revólver, uma motocicleta com uma capa vermelha para o assento e diferentes placas, além de recortes de jornais, pelos quais o suspeito ficava sabendo o nome das vítimas. À polícia, ele as identificou pela ordem em que cometeu os assassinatos. A operação começou quando um vigilante de rua anotou o número da placa do veículo após o homicídio de Janaína Nicácio de Souza, 25 anos, executada em 8 de maio. Descoberto o proprietário, a polícia concentrou a investigação no suspeito. “A força-tarefa levantou informações de que ele havia roubado farmácias, padarias e lotéricas”, diz Silva Filho. Por meio do reconhecimento facial e de imagens de câmeras, a polícia reuniu características físicas de Tiago, preso na segunda-feira 13, quando chegava em casa. “Temos imagens e vídeos dele praticando o homicídio com a moto apreendida”, diz o superintendente. Além disso, exames balísticos realizados no revólver retido indicaram que dessa arma saíram tiros que mataram ao menos seis vítimas.

Oito delegados colheram depoimentos de Tiago na madrugada da sexta-feira, 17 de outubro. Entre as revelações, ele afirmou que sofreu abuso sexual de um vizinho quando tinha 11 anos, o que o teria deixado traumatizado. O vigilante também contou que sofria bullying na escola e que foi vítima de diversas traições e desilusões amorosas. Por isso, sentia “raiva da sociedade”. Segundo os investigadores, Tiago ficou incomodado com a presença de uma escrivã. “Ele trava quando tem uma mulher na sala. É preciso que um homem converse com ele”, afirmou a delegada Silviana Nunes. O primeiro crime teria ocorrido em 2011, contra um homossexual de 15 anos, que foi dado como desaparecido na época. O serial killer confessou que matou o garoto e o enterrou num terreno baldio, além de ter assassinado mais oito moradores de rua. “O homicídio implica uma descarga de adrenalina muito grande e quando a pessoa executa sente uma sensação intensa de alívio”, explica Antonio Serafim, coordenador do núcleo forense do Hospital das Clínicas de São Paulo. “O alívio faz com que ele tenha a necessidade de repetir a ação com um menor intervalo de tempo para se satisfazer.”

O assassino chegava de moto preta para atacar suas vítimas
Na madrugada da quinta-feira 16, Tiago tentou se suicidar com fragmentos de uma lâmpada. Policiais responsáveis por monitorá-lo perceberam cortes nos braços e acionaram o corpo de bombeiros para medicá-lo. “Ele estava sentindo fobia por ficar trancado, estava abatido e teve de levar seis pontos no pulso”, afirma Thiago Huáscar Santana Vidal, advogado do suspeito, para quem o vigilante foi coagido a assumir os homicídios. “Tiago era muito fechado e introvertido, mas levava uma vida normal.” Ele trabalhava como vigilante noturno em um hospital. Vidal diz que pedirá um exame de sanidade. “Estamos aqui para oferecer a defesa para qualquer cidadão. Se ele for o culpado, pagará pelo que fez”, afirma o advogado.

Tiago disse, em entrevista ao Jornal Nacional, que cometeu os crimes por sentir uma raiva muito grande atribuída ao abuso sexual sofrido aos 11 anos. "Motivação era raiva mesmo, tinha que colocar para fora, eu tentei fazer outras coisas", disse o serial.Na entrevista, ele também disse que foi abusado por um vizinho na infância e que sofreu bullying na escola. "Sofri abusos e bullying na escola, por questão de ser mais caladinho, mas não sei se tem a ver com alguma coisa. Se for uma doença, eu queria saber qual é, se tiver cura, também, se eu posso ser curado ou não", disse. 



Em relação às vítimas, ele disse ter sentido arrependimento ao ver as mortes noticiadas após os crimes e que não tinha um padrão para escolhê-las. "Eu pediria perdão, mas eu acho que é difícil pedir perdão nessa hora."

OS CRIMES

O primeiro crime da série de assassinatos contra mulheres em Goiânia ocorreu em 18 de janeiro deste ano, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada por um motociclista no Setor Lorena Park. A morte mais recente foi a de Ana Lídia Gomes, baleada em um ponto de ônibus no Setor Conjunto Morada Nova, no dia 2 de agosto. Um motociclista passou pelo local e disparou contra a garota, que não resistiu aos ferimentos.

Algumas vítimas do assassino
De acordo com a polícia, dentre os demais crimes cometidos pelo homem, estão mortes de moradores de rua e homossexuais. Os outros homicídios de mulheres não assumidos pelo homem, segundo a Polícia Civil, continuarão sendo investigados.

No ano passado, o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra o vigilante por furtar uma placa de uma motocicleta no estacionamento de um supermercado de Goiânia. Imagens de câmeras de segurança mostram ele cometendo o crime.

Também no ano passado, ele foi preso em flagrante em uma motocicleta com placa roubada, mas foi solto. O caso foi registrado no 5º Distrito Policial.

Segundo a Polícia Civil, o jovem foi identificado em imagens registradas por câmeras de segurança no último domingo (12), próximo à lanchonete em que uma mulher foi agredida por um motociclista. O caso foi incluído na força-tarefa. Segundo testemunhas, o motociclista de capacete vermelho atirou na jovem, mas a arma falhou. Então, ele deu um chute na boca dela.


INVESTIGAÇÃO

Apesar de no início das investigações ter afirmado ter convicção de não se tratar de um único autor das mortes de mulheres, a Polícia Civil disse agora que há cerca de um mês já tinha elementos suficientes que apontavam o vigilante como o assassino nos crimes investigados por uma força-tarefa.

Na quinta-feira (16), a Polícia Técnico-Científica afirmou que os resultados de exames de balística da arma apreendida com Tiago coincidiram com os disparos efetuados em seis homicídios na capital.

Em depoimentos, ainda na noite de quinta-feira, Tiago confessou os crimes à polícia e disse que sempre agia após o consumo de bebidas alcoólicas. O suspeito também alegou que foi abusado sexualmente por um vizinho quanto tinha 11 anos, o que o teria deixado "traumatizado".


PRISÃO

De acordo com o superintendente de polícia judiciária de Goiás, delegado Deusny Aparecido, antes de ser capturado, a polícia não tinha o nome do suspeito, mas já sabia de todas as suas características físicas.


Assim, na sexta-feira 10, foi emitido um mandado de prisão temporária para um “homem branco, com idade aproximada de 25 anos, aproximadamente 1,87 metro de altura, complicação física atlética, sem barba ou bigode, com pelos no peito, rosto afilado, cabelos pretos, curtos e lisos e sobrancelhas grossas, que normalmente se veste bem”.



O mandado também descreve que o suspeito usava capacete e motocicleta de cor preta com placa adulterada. O vigilante foi preso na Avenida Castelo Branco, na terça-feira (14). Em seguida, ele foi encaminhado à Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), onde prestou depoimento e, de acordo com o delegado, confessou os crimes.

Fontes: ISTOÉ, VEJA, R7 e G1